
Até o século XIX, a economia de São Gonçalo foi essencialmente agrícola, em destaque, os grandes engenhos de açúcar nas fazendas Engenho Novo e Jacaré, ambas de propriedade do barão de São Gonçalo.
Só no século seguinte tomaria grande impulso o desenvolvimento industrial. A completa ausência de vilas por todo o século XVII é, realmente, surpreendente. Só muito mais tarde, em 1808, com a chegada da corte lusitana ao Brasil, se desenvolveu, realmente, a cidade do Rio de Janeiro como centro urbano, tendo-se iniciado, por essa ocasião, um período de expansão urbanística. Apenas em 1834, por exemplo, foi alcançada a autonomia da província do Rio de Janeiro, tendo sido escolhida Niterói como sua capital, elevada à categoria de cidade, em 1835, tendo São Gonçalo como um de seus distritos.
As atividades industriais na região, antes, predominantemente agrícola, não raro, situavam-se as olarias em antigas fazendas. As olarias constituíam apenas uma atividade subsidiária dos engenhos. Todavia, nas zonas que não eram aproveitáveis, do ponto de vista agrícola, a olaria sempre foi o seu principal esteio econômico. A Olaria Porto do Rosa, em São Gonçalo, numa zona, imprópria para a agricultura intensa, constituiu ela, sempre, uma a principal fonte de renda na fazenda do Capitão Antônio José de Souza Rosa.
As olarias normalmente são construídas onde se há grande concentração de matéria-prima chamada tabatinga. A palavra Tabatinga é de origem indígena, vindo do tupi, tendo seu significado designado como barro branco ou barro esbranquiçado. É uma Argila com muita matéria orgânica, geralmente encontrada em pântanos ou locais com água permanente (rios, lagos), no presente ou no passado remoto.
Foto: 1941 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Na há dúvida, entretanto, de que a localização da Olaria Porto do Rosa é, em parte, devida ao fato de aí se encontrar a matéria-prima indispensável à confecção dos produtos de cerâmica A tabatinga é de ótima qualidade, atendendo a todos os requisitos exigidos para a confecção dos diferentes produtos de cerâmica.
Por que a olaria do Porto do Rosa ficou tão famosa?
Um dos principais motivos seria político. A influência teria sido tão intensa que, já em 1910, a atual “Cerâmica Porto Rosa”, então pertencente à firma “Lussac”, já exportava telhas para as firmas construtoras do Rio de Janeiro, em embarcações próprias que saíam dos pequenos portos do fundo da baía. Mas, quem seria Lussac, além de proprietário da Olaria Porto do Rosa? Lussac era cunhado do Sr. Serzedello Corrêa, então prefeito do Distrito Federal.
Cerâmica Porto do Rosa S.A - Companhia Nacional de Cerâmica
Em 1925, sob a direção dos irmãos Julio e Frederico Horta Barboza, a fábrica possuía cerca de 120 funcionários em uma área de 12 mil metros quadrados. Operou na fabricação de telhas do tipo “Marselha”, tijolos comuns e de furos, manilhas e outros artefatos, possuindo em torno do seu complexo, além da fábrica de produtos cerâmicos, culturas de laranjas, eucaliptos, canavial e cereais. A água da fábrica vinha encanada desde Friburgo. Os fornos eram em número de nove, de grande capacidade. Sua produção girava em torno de 180 a 250 mil telhas e 1 milhão de tijolos mês.
O seu período de maior desenvolvimento teve início em 1940, quando igualmente, começa a expansão demográfica e a instalação, em grande escala, de fábricas e indústrias em São Gonçalo. O processo de liquidação veio logo depois, loteando o terreno para venda, o que era mais rentável que produzir.
As olarias de outrora constituíam apenas uma atividade subsidiária dos engenhos. Entretanto, foram as precursoras do desenvolvimento industrial e urbano na cidade de São Gonçalo.